sábado, 29 de agosto de 2009

As férias do rato

Nem o meu povo que não sabe ler acredita em fugas. Nem ninguém! Ora, a verdade é uma, este rato conhece bem o caminho e sempre passa lá as suas espectaculares férias e de que maneira!

Tem sido tão fácil ir e vir como se a terra de Mandela fosse aí no Alto Maé.
E quando regressa? Aí é que são elas! Transporte “free”. Escolta de luxo, grandes títulos nas primeiras páginas e ainda com direito a entrevista. E qual é o jornal, a rádio ou televisão que não quer vender a “nossa vergonha”?

Se é que são especulações, estas fugas são verdadeiras obras de arte. Não essa arte que o comum cidadão está habituado a ver, é uma arte da manha, da sujeira. Não vou falar da máfia pois isso é coisa muito graúda. Aceitemos que “aqui há gato”- como o povo costuma dizer! E que gato!

Olhando bem pelos cenários das fugas, chego a pensar que existe uma “comédia policial” já inventada no meu país. Como se explica que o mesmo rato “fuja”várias vezes das ditas cenas de “segurança máxima”? A verdade é uma, este rato não está sozinho. E muita sujeira este rato sabe e como sabe! Nem imagino quantos perdem o sono quando este rato regressa: uns para programarem novas férias, outros para impedirem as ditas férias e outros ainda por sentirem as suas cabeças à prémio.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Pobres dos Nossos ricos,

Por Mia Couto


A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.

Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.

Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.


A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos".

Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros.

É produto de roubo e de negociatas.
texto truncado
ELEMENTOS FANTÁSTICOS NO CONTO “A CARTEIRA DO CROCODILO” DE MIA COUTO

Por José Baptista

Vou-me debruçar sobre os elementos fantásticos do conto:“A carteira de crocodilo”. Neste conto, o fenómeno fantástico se representa em torno da metamorfose da “serpentealização” ou melhor, da metamorfose de um homem em serpente.

“A carteira de crocodilo” é um conto literário do escritor da actualidade literária moçambicana, Mia Couto. É importante também referir que “A carteira de crocodilo” é uma narração fantástica e que ela não tem um efeito moralizador, mas de deixar a ideia de que tudo é possível ao encaixar-se no normal o anormal ou vice-versa. E enquanto conto literário, este texto é parte de um conjunto de contos publicados por Mia Couto na obra “Contos do nascer da terra”. Mia Couto teve todo cuidado em preservar, neste conto, o enigma mágico envolvente do simbolismo cultural Bantu e enquanto “narrativa de transmutação fantasmática” e ele também soube pincelar nele a metáfora da imaginação com alguns aspectos recorrentes deste tipo de literatura milenar.

O actual estudo é importante porque nos permite viver o modo fantástico na perspectiva africana em expressão portuguesa e na mão de um grande escritor moçambicano e perceber como os elementos e os contornos fantásticos vão surgindo ao longo da narrativa literária.

Se olharmos e se tentarmos perceber a vida do homem, é imprescindível regressar aos primórdios deste ser, pois, desde esses momentos que ele convive com o “estranho” ou sobrenatural e/ ou o desconhecido mundo dos seres, das coisas, dos fenómenos inexplicáveis aos seus olhos, mas possíveis para a sua mente através da imaginação. Daí que é fácil ligar o homem e a palavra fantástica. Esta palavra tem a sua origem etimológica derivada do adjectivo grego phantastikós, com a significação de “representação imaginária”( Pires, 2001: 36).

A palavra fantástica arrasta ao longo dos tempos diversos significados e, quando associada a área do literário, esta tem mostrado ser ambígua. A referida palavra quando consultada nos dicionários mantém a significação inicial “relativo a imaginação; capaz de imaginar (…) a faculdade de imaginar, a imaginação; a faculdade de imaginar coisas vãs, de criar ilusões” (Machado, 1952:1014).
A palavra em referência associa-se a um campo semântico grande e ilustra ter uma ligação com os substantivos fantasma (do grego phantasma) que significa “ser imaginário, espectro”, e fantasia (do grego phantasia ou de phantazo, “faço aparecer), “acto de se mostrar, aparição, aparição de coisas extraordinárias, que causam ilusão, visão, espectáculo…acto de provocar a imaginação; imagem que aparece ao espírito, ideia, pensamento, concepção”(Ibidem).

O fantástico como modo ou género de discurso


A questão envolvente deste tópico encontra justificação no prefácio de Maria Fernandes ao observar-se “que a problemática dos modos do discurso é simultaneamente trans-histórica e transgeográfica, é transcultural e transliterária, pois extrapola as fronteiras espaciais e as dos tempos histórico-culturais, sem esquecer as da Literatura”. Encontrando-se, desta forma, a justificativa de considerar-se o fantástico como sendo um dos modos do discurso humano e que os escritores a utilizam na sua actividade de construir mundos ficcionais.

Quando podemos dizer que uma certa narrativa ou um determinado episódio é fantástica ou realista? A responda deste questionamento é assegurado na afirmação de Maria Fernandes:
A consideração de uma narrativa ou um episódio como fantástico ou como episódio pode, pois, depender sensivelmente dos contextos culturais e dos sujeitos humanos envolvidos, o que impede que haja uma diferença destes termos. Mudado o sistema de crenças, mudado o mundo e a sua história, mudam-se os usos e as interpretações das palavras e das imagens criadas pelos diferentes povos, muito especialmente pelos seus respectivos artistas.

Roas (2001:8) afirma que “[…] la literatura fantástica es el único género literario que no puede funcionar sin la presencia de lo sobrenatural […]. Y lo sobrenatural es aquello que transgredí las leyes que organizan el mundo real, aquello que no es explicable, que no existe, según dichas leyes”.

O fantástico na escrita de Mia Couto

O conto de Mia Couto “carteira de crocodilo” faz parte de um manancial de contos fantásticos escritos por este ao longo destes anos. Neste caso concreto, o texto ora em referência foi publicado na obra “Contos do nascer da terra” em 1997 pela Caminho. E, no âmbito da literatura moçambicana de expressão portuguesa, Mia Couto é um ficcionista que encontra a sua motivação fantástica no imaginário popular e, principalmente, na cultura moçambicana Bantu e inspira-se também nas práticas linguísticas do dia a dia próprias do seu povo.

“A carteira de crocodilo” é uma prosa literária, isto é, uma comunicação estética, em que a conotação confere o “tom artístico”ao texto e, deste modo, impelindo um “ar desviante” em relação à norma da língua. Em outras palavras, o texto literário “transgride as regras do código normativo, desvia-se dele pelo recurso a expressões que fogem à sua aplicação usual. Os significantes adquirem novos significados […] afasta-nos da referência prática […] leva-nos à conotação” (Carmo & Dias, s/d: 61-62).

A temática em “ A carteira de crocodilo”


Em relação à temática do conto, esta é sugerida e anunciada no texto, como sendo a metamorfose, implicitamente pelo título: “A carteira do crocodilo”. Esta temática transporta o leitor para um referencial próprio das narrativas fantásticas de um sistema de crenças africanas em que o horizonte cultural “vive” muito do sentido fantástico do duplo.

À medida em que a diegese avança, depreende-se que o processo de metamorfose dos seres n’Outro dá continuidade à vida noutros seres como o crocodilo e/ou serpente. Este título, só por si, revela explicitamente a intenção temática de apresentação fantástica do conto e faz transparecer valores indiciais dissimulados nesse título.

O texto literário e personagens do fantástico

Ao abordar-se a questão do texto literário, como neste caso de “A carteira de crocodilo”, é necessário ter presente “as suas características principais” deste tipo de texto tais como Carmo & Dias (s/d: 64) apontam “ausência de referente, delimitação ou fechamento, linguagem conotativa e produtividade”. Assim, em relação à primeira , pretende-se afirmar que, no referido texto, tem um referente fictício ou imaginário também designado de “simulacro de referente” (Carmo & Dias, s/d: 64).

Neste contexto, as personagens: o senhor governador-geral, Sacramento; a dona Francisca Júlia Sacramento (esposa do governador-geral); Clementina e as amigas desta, no âmbito do discurso do texto literário, não poderão ser, de modo algum, identificadas com qualquer indivíduo real. Como também poderiam ser sugeridos outros nomes para as referidas personagens e, facilmente, conclui-se que o conteúdo da mensagem não sofreria modificações ao alterar esses nomes. Isto se justifica no seguinte: “A existência de um referente real limitaria o texto a uma função informativa” (Carmo & Dias, s/d: 64-65).

Quanto às personagens no conto fantástico, segundo Ribeiro “o conceito de Propp pode muito bem ser aplicado à personagem fantástica, por dois motivos. Primeiro, […]. Todo e qualquer ser fictício, mesmo o não mimético como é o caso do ser fantástico, pode ser considerado um feixe de funções na narrativa”. Ainda sobre este assunto, Ribeiro referencia Propp que este “não se preocupa em qualificar as acções das personagens para classificá-las”, no entanto, classifica as personagens consoante as funções que desempenham no texto.

“A carteira de crocodilo” é um texto literário, ele é também considerado literatura fantástica e, consequentemente, as suas personagens são fantásticas. Tzevetan Todorov explica, na sua obra Introdução à literatura fantástica o que é o fantástico na literatura, no modo seguinte:

As histórias que pertencem a este género nos deixam as perguntas: Realidade ou Sonho? Verdade ou ilusão? Quando um leitor se depara com um mundo que é exatamente como o seu, qualquer acontecimento que fuja às leis desse mundo familiar cria a dúvida e a incerteza sobre a possibilidade do fato ser ou não real”. Todorov dirá que “o fantástico ocorre nesta incerteza […] O conceito de fantástico se define pois com relação aos de real e de imaginário […] A hesitação não só da personagem, como também do leitor é a condição primeira do fantástico”- Tzevetan Todorov citado por Nunes, Sandra Regina Chaves.

Neste conto a acção se representa em torno da metamorfose da “serpentealização” ou melhor, o ser humano metamorfosear-se em serpente. Daí que no conto depreende-se um esquema de momentos enigmáticos.

Mia Couto, neste conto, revela algumas características e elementos ou mesmo referências culturais impregnados no seu escrito narratológico fantástico e que ele sabe aproveitar, perfilar e dar um peculiar sentido fantástico as suas narrativas representativas modo fantástico ao transportar para o conto o efeitos do insólito: “ […] Imagine-se, tinha emergido da carteira […]. Acontecera em instantâneo momento: a malograda ia tirar algo da mala e sentiu que ela se movia, esquiviva:”(Couto, 1997: 102).

O conto finaliza com a antroponimização do governador-geral. Mas antes “o que sucedeu, então, foi o inacreditável. O governador Sacramento suspendeu a palavra e espreitou o chão que o sustinha. […] e se apressou a tirar os sapatos. Entre a audiência ainda alguém vaticinou: - Vai ver que os sapatos se convertem em cobra […] sucedeu exactamente o inverso […]” (Couto, 1997: 102).

Texto incompleto.

A TIMBILA

Timbila: Património Oral e Imaterial da Humanidade

Origem da timbila

As primeiras referências à Timbila surgem em escritos portugueses do século XVI.
A timbila (instrumento), quanto à sua existência na costa sudeste de África, considera-se que tenha provavalmente surgido em resultado dos contactos, no século X, com a actual Indonésia (onde existe também este instrumento); A timbila é originária do povo chope (em Zavala, Inharime, Panda, Vilanculos e Homoine), província de Inhambane, sul de Moçambique.

Descrição:

A timbila é um instrumento tradicional moçambicano da família dos xilofones. A timbila (plural de mbila = lâmina de madeira) apresenta a sua particularidade nas massalas (nas cabaças de vários tamanhos que funcionam como caixas de ressonância e que se encontram por baixo de cada lâmina de madeira); Cada lâmina apresenta um pequeno orifício pelo qual o som é transmitido até à caixa de ressonância.

A timbila
É, a timbila, uma arte transmitida de pais para filhos; Demora perto de três meses e meio.

Execução:
A tímbila é tocada com duas baquetas que na ponta têm um anel de borracha; A constituição da orquestra de timbila, são necessários vários tipos de mbilas que se diferenciam pelo número, tamanho (em comprimento e largura) e pelo tamanho das suas cabaças.

Antigamente:

Em encontros designados de “msaho”, nestes os chefes tribais e tradionais (em Zavala) reuniam as populações para confratenizarem, cantando e dançando.

Nesses encontros, realizavam-se actuações musicais e dançantes com timbilas (escolhia-se e premiava-se melhores artistas) e discutiam-se detalhes relacionados com as construções das timbilas.

Actualmente:

Na Primavera, realizam-se festivais de timbilas que reunem as melhores orquestras para a apresentação e avaliação de novas composições musicais.

Cada uma das orquestras pode reunir até vinte músicos e apenas compor uma peça por ano (sempre a partir da anterior) para que se mantenham as particularidades musicais de cada orquestra.

A timbila é obra prima do património oral intangível da humanidade constituindo o reconhecimento de uma manifestação cultural autóctone que não é mais pertença somente das comunidades Chope ou dos moçambicanos como povo, mas sim da humanidade. (ex-vice Ministro da Educação e Cultura: Antónia Xavier ).

Em 2004, a timbila foi considerada património mundial pela UNESCO e Novembro de 2005: - É reconhecido o estatuto universal.

razão


Perguntas por quem grito?
Por falar alto, perguntas de quem falo?
Perguntas porquê nunca me calo?
PORQUE EXISTO!

Vês as minhas lágrimas escorrerem a cada humilhação?
Vês muitas vezes o meu rosto sem sorriso?
Vês a minha testa cheio de rugas?
Vês as riscas dos meus lamentos?
PORQUE EXISTO!

Sentes que também sou amado?
Sentes que posso odiar?
Sentes que posso lutar?
Sentes que posso resistir?
Sentes que posso vencer?
PORQUE EXISTO!

E SE EXISTO, NÃO PODES IGNORAR-ME!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

SENTIDO DA VIDA

Se muitos de nós deixassemos de pensar que vivemos para o amanhã e vivessemos o agora talvez cada um de nós daria outro sentido a VIDA. Cada um de nós valorizaria o amigo/a que tem e amaria o ar que respira hoje. Percebiria, cada um de nós, que o hoje nunca se repete e que o amanhã poderá não chegar NUNCA... e se chegar, esse outro dia sempre será HOJE e nunca amanhã.
Temos de ser realistas, se queremos amar, amemos hoje pois este verbo NÃO ADMITE passado nem futuro pois se nós afirmarmos que "amei"ou "amarei" isso será algo sem sentido e irreal.
É PRECISO TER CERTEZA E ACREDITAR NO HOJE. DIGA SEMPRE "AMO"!